Nos corredores de uma temporada de moda, nacional ou internacional, e na primeira fila dos mais badalados desfiles, as cadeiras ganham uma nova disputa com as consultoras de moda e famosos: são os digital influencers. Eles também estão no topo da lista de grandes marcas e empresas quando procuram veículos para divulgar os seus produtos. Nunca ouviu falar? Explica-se: o termo é aplicado às pessoas, homens ou mulheres, associado ao seu status no Instagram/Snapchat e seu poder, como diz o nome, de influenciar os seguidores. “As redes e aplicativos estão trazendo de uma maneira geral pra moda um exercício de criatividade, de construir imagens diferentes sobre uma mesma ótica”, avalia Paulo Borges, idealizador do São Paulo Fashion Week.
Nesta categoria, entram nomes como Camila Coutinho, blogueira pernambucana à frente do Garotas Estúpidas, que soma mais de 1,8 milhão de seguidores no Instagram; Camila Coelho, também blogueira com mais de 4 milhões de seguidores e Gabriel Gontijo, jovem publicitário com um pouco mais de 70 mil usuários conectados. Os três usavam suas redes de maneira despretensiosa, mas acabaram chamando atenção pelo comportamento diferenciado. Enquanto as duas decidiram investir na carreira como blogueiras de moda, ele se tornou um influenciador digital. “Só com as fotos no Instagram, as pessoas ficavam meio acuadas em dar opinião. Depois que entrei no Snapchat, tripliquei o alcance em rede social. A gente percebe que nossa opinião tem peso, então a gente consegue influenciar as pessoas de uma maneira forte, mas pra isso tem que saber filtrar o que vai publicar”, explica Gabriel.
Enquanto uma modelo dá respaldo a um serviço ou marca ligada ao seu meio, o influenciador vincula ações ao seu life style e, instantaneamente, as pessoas que o acompanham ou admiram são imediatamente alcançadas.”Quem assiste a uma menina usando uma roupa e postando aquilo, acredita muito mais na venda daquela roupa, na história que está sendo contada do que um catálogo impresso com uma modelo maravilhosa, magra, que a menina não se identifica naquilo”, ressalta Gabriel.
A partir desta turma, bem sucedida e influenciadora, dentro e fora das redes, as grifes constroem uma nova base de fãs, possíveis consumidores, e seu impacto torna-se muito mais eficiente do que uma campanha estrelada por uma “musa”, que muitas vezes foge dos padrões esteticamente populares. “O influencer tem impacto direto e retorno imediato para a marca. Na PatBo, a escolha dessas pessoas é orgânica. São aquelas que usam, acompanham a evolução das peças e que admira a marca. No momento que cai nas redes, muita gente procura a peça que o ‘influencer’ usou. Isso é bacana”, explicou a estilista Patrícia Bonaldi, que levou para a fila A do seu desfile na última temporada do SPFW: Sabrina Sato, Camila Coutinho, Camila Queiroz e Sophia Abrahão, além de ter convidado o influencer Gabriel Gontijo.
Na guerra digital em que ganha quem tem mais fãs, essa estratégia, se bem aplicada, traz bons números para o mercado, principalmente o da moda. Hoje, cerca de 80% do tráfego online está atrelado a algum tipo de influenciador em plataformas como Instagram, Facebook, Twitter e agora Snapchat, rede social do momento. Enquanto alguns enxergam o movimento de maneira positiva e crescente, a consultora Glória Kalil ressalta o interesse pelo conteúdo. “A importância das redes não é de influência e sim de divulgação. Tem gente que vive através das redes e eu acho isso pouco. Acho que o mundo digital serve para despertar o interesse das pessoas, que deveriam procurar assuntos mais aprofundados e não se fechar somente para isso”.
O pernambucano Diego Nunes, marido de Camila Coutinho, começou a atuar despretensiosamente com um perfil no Snapchat. De “cara engraçado” e projeto secreto, ele consegue atingir uma marca que supera as 30 mil visualizações diárias e é seguido por ninguém menos que Ivete Sangalo, Xande, da banda Aviões do Forró, Consuelo Blocker (filha de Costanza Pascolato) e Júlia Faria. O sucesso na rede social, que fique bem claro que é hobby do empresário – responsável por uma concessionária de carros – fez com que as marcas reconhecessem o perfil de influenciador digital, dando abertura para convites como o da Ray Ban, por exemplo, que escalou Diego Nunes para fazer a cobertura do Festival Lollapalooza em seu Snapchat.
Na mesma linha está a maranhense Thaynara Gomes, considerada fenômeno na rede social de vídeos e fotos compartilhadas com duração de até 24 horas. Ela usa de artifícios engraçados, trilha sonora e até personagens para garantir audiência e “vencer na vida”, como a própria diz. Reflexo disso, Thaynara começou a ganhar dinheiro, viagens e reconhecimento por sua espontaneidade. Os vídeos são assistidos por famosos e replicados diariamente nas redes sociais. O poder de pessoas como Diego Nunes e Thaynara Gomes está na moda e passa a ser grande ferramenta de marketing na sociedade atual.
Fonte: Blog João Alberto
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