Enquanto a crise econômica vem afetando a geração de novos postos de trabalho e eliminando os já existentes, o setor de franquias mostra seu potencial ao registrar mais um ano de crescimento frente a essas dificuldades. Em 2015, o Ceará cresceu 21,2% em número de unidades (3.044), mais que o dobro do desempenho observado no Brasil (10,1%) – impulsionado pelo crescente número de shoppings no Estado, segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF). Ao todo, o segmento movimentou, no País, R$ 139,343 bilhões no período, registrando alta de 8,3%.
“No Ceará, tem se destacado muito o segmento de franquias por conta da quantidade de shoppings que tem sido abertos. Todos eles tem atraído o mercado porque eles, geralmente, são um celeiro de franquias também”, avaliou o diretor da ABF no Nordeste, Leonardo Lamartine. Ele acredita que os shoppings têm influenciado o crescimento na região, apesar de franquia não ser, necessariamente, nesses estabelecimentos – já que existem outras em postos de gasolina, lojas de rua, enfim.
“Inclusive, existem as microfranquias, com investimentos de até R$ 80 mil, em que se pode trabalhar em casa”, destaca. Em empregos diretos, no País, o crescimento foi de 8,5% sobre 2014, ao somar 1.189.785 pessoas no segmento, após gerar mais de 90 mil postos de trabalho.
O Ceará acompanha os segmentos que mais cresceram no País. Entre eles, estão o segmento de reparos de veículos – “já sabemos que o mercado de veículos novos caiu muito, e tem muita gente mantendo seus veículos, então serviços de funilaria, pequenas oficinas e pequenos reparos têm crescido bastante”, informa Lamartine. Outro segmento citado é o de beleza, que continua em alta, assim como alimentação.
Oportunidade
Leonardo apontou dois fatores que influenciam bastante para o crescimento do franchising. O primeiro deles é o fato de as pessoas, saindo de seus empregos, buscando onde empreender – e o mercado de franquias é uma excelente opção, pelo motivo de ter um baixo risco de investimento.
“Para se ter ideia, tanto o Sebrae como o IBGE mostram que 85% dos negócios abertos, no Brasil, em cinco anos, fecham, enquanto esse índice, no mercado de franquias está em 3% a 4%, uma diferença bem grande, porque, quando se compra um negócio de franquias, não se compra um negócio que está nascendo naquele momento, mas, sim, algo que já existe há um bom tempo. Além disso, o franqueador dá todo o suporte da escolha do ponto, escolha de funcionários, layout, e aplica uma experiência de mercado, às vezes, de 50 anos”, reforça o dirigente.
Em segundo lugar, Lamartine acrescenta que as pessoas que buscavam empreender em 2015 ou em 2016 migram para o ramo de franquias “exatamente pelo receio da crise econômica e por saber que, nesse mercado, o investimento vai estar mais seguro”. Segundo o balanço da ABF, o movimento de abertura e fechamento de pontos de venda ao longo do ano passado resultou em um saldo de 12.702 novas unidades franqueadas no País, das quais 532 só no Ceará.
Serasa reforça elevação do setor
O levantamento realizado pela Serasa Experian, divulgado na semana passada, reforça o crescimento dos microempreendedores, estimulado tanto pelos incentivos fiscais e menor burocracia, associadas a esta natureza jurídica, bem como pela perda de postos formais no mercado de trabalho por causa da recessão econômica, impulsionando trabalhadores desempregados a buscarem, de forma autônoma, muitos deles como MEI formalmente constituídos, formas alternativas de geração de renda. Segundo o estudo, das 1.963.952 novas empresas criadas no ano de 2015, 1.491.485 (75,9% do total) foram de Microempreendedores Individuais (MEIs), 167.767 (8,5% do total) foram de Empresas Individuais. No Ceará foram 61.297 novas empresas, alta de 4,3% sobre 2014.
Otimismo
Para este ano de 2016, a perspectiva é de mais crescimento. Tendo como referência as pesquisas trimestrais de desempenho realizadas pela ABF e os indicadores econômicos, a associação projeta um crescimento de 6% a 8% em faturamento; de 8% a 10% em número de unidades e de 4% a 6% em número de marcas.
“Esse crescimento tende a continuar, porque esse tem sido um abrigo seguro para o investidor”, ressaltou Leonardo Lamartine (foto). Historicamente, segundo ele, todas as fases de crise pelas quais o Brasil passou, o mercado de franquias se destacou crescendo mais do que o normal. “Para se ter ideia, o próprio Sebrae tem incentivado isso, criando o Fampe (Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas), onde – junto aos bancos Santander e Bradesco – financia o empreendedor, sem [exigir] garantia real, desde que seja investimento em franquias”, finalizou o diretor da ABF no Nordeste.
Fonte: O Estado
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